REPRESA CABUÇÚ EM GUARULHOS
A represa do Cabuçu teve suas obras iniciadas em 1905 e concluídas em 1907. As represas do Cabuçu, Barrocada e Engordador formavam o Sistema Cabuçú. Das três represas somente a do Cabuçú está dentro do município de Guarulhos.
A área da bacia do Cabuçú tem 24 km², o Barrocada tem 8,5 km² e Engordador tem 9,6 km². Foram construídos cerca de 16,6 km de aqueduto em concreto armado, com 1,20m de diâmetro, ligando o sistema Cabuçu à Estação de Tratamento de Água do Mirante em Santana com vazão prevista de 43.400m³/dia (502 litros/segundo). A maioria do aqueduto encontra-se sob o solo, mas existe um trecho localizado perto da Chácara do Biondi no Jardim Paulista na Estrada do Cabuçú em Guarulhos, onde há um túnel que poucos conhecem.
Havia trechos da tubulação de concreto que foi construído em túneis e sifões com pressão de até 20 metros de coluna de água. A barragem do Cabuçú foi construída inteiramente com concreto armado e é considerada em todos os livros de engenharia, a primeira grande obra pública que empregou o concreto em larga escala. Barragem, adutora, condutos livres, condutos forçados, etc, foram construídos em concreto. O concreto usado na barragem do Cabuçu vinha da Inglaterra, em barris de madeira.
Os arqueólogos industriais Dalmo e Mena em suas pesquisas me informaram que o livro que serviu de referência para o projeto da barragem de concreto do Cabuçú denomina-se: “The design and construction of dams” escrito por Edward Wegmann, C.E. que pode ser achado na biblioteca da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.
Quem dirigiu as obras do Cabuçú foi o engenheiro Luiz Betin Paes Leme que era chefe da Comissão de Obras Novas de Saneamento e Abastecimento de Águas da Capital, criada em 1905. O engenheiro Luiz Betin Paes Leme foi formado na Europa e foi ele quem introduziu o concreto armado no Brasil com as obras do Cabuçú. A represa do Cabuçú ficou famosa, pois devido à pressa de inauguração, não foi feito o desmatamento necessário e houve problemas de ácidos úmidos e fúlvicos dificultando o tratamento da água. Isto era constantemente repetido pelos professores dos cursos que fiz na Faculdade de Saúde Pública. A represa foi esvaziada e retirada toda a vegetação existente.
Um engenheiro da Sabesp que fazia pesquisas históricas sobre o Engordador quando tudo aquilo estava completamente abandonado me mostrou uma cópia do jornal “O Estado de São Paulo”, quando a represa do Cabuçu foi inaugurada a manchete “Águas para o ano 2000”, mas o tempo mostrou que seria insuficiente para a capital. O volume da água da represa do Cabuçú é de 1.776.000m³ com vazão firme de 371 litros/segundo.
Em 7 de maio de 1929 o município de Guarulhos abriu a mão do Cabuçú através do convênio Guarulhos-governo do Estado de São Paulo. Em 1997 o sistema Cabuçú foi desativado pela SABESP e em 1992 foi concedida outorga ao município de Guarulhos por 30 anos dos mananciais do Cabuçu, Barrocada e do Tanque Grande. A Capela do Senhor Bom Jesus do Cabuçú próxima à represa do Cabuçú foi executada em 1850.
Hoje a represa do Cabuçú á administrada pelo SAAE de Guarulhos, havendo uma estação de tratamento de água a jusante da barragem e a água é distribuída na região.
Plínio Tomaz
Engenheiro civil
Fonte: ACE-Guarulhos